Laboratório de Processamento Celular e Criopreservação

laboratório da MedCel Medicina Celular se dedica basicamente ao processamento e criopreservação de células-tronco hematopoiéticas. A criobiologia é o ramo da biologia que estuda o efeito das baixas temperaturas sobre organismos biológicos. Dentro desta, a criopreservação se dedica da utilização das baixas temperaturas para redução do padrão metabólico e preservação estrutural para manutenção de células e tecidos em longo prazo. O congelamento por si não constitui fator crucial na preservação de células, e muito pelo contrario, o congelamento pode ser fatal para células, tecidos e organismos vivos. Isso se deve a formação incondicional de cristais de gelo, e a concentração dos solutos, levando a uma condição de baixa biodisponibilidade de água (anidrobiose), concentração de solutos (hiperorsmolaridade). A formação de cristais intracelulares pode ser evitada pelo decaimento lento e gradual da temperatura, tornando a concentração de solutos potencialmente mais importantes em sua letalidade.

Já a formação de cristais extracelulares também oferece risco à viabilidade de qualquer sistema biológico sob criopreservação. Para a otimização do processo de criopreservação faz-se necessário o uso de crioprotetores. Os crioprotetores são moléculas capazes de diminuir o ponto ou temperatura de congelamento da água, evitando a formação de cristais de gelo enquanto tornam a solução a uma consistência ou estado vítreo, onde não acontece o verdadeiro congelamento da solução. Essa condição torna possível a criopreservação mantendo a viabilidade celular. De fato, o primeiro agente crioprotetor utilizado foi o glicerol, descoberto acidentalmente. Clinicamente, o crioprotetor mais utilizado é o dimetilsulfóxido, originalmente um solvente orgânico industrial que ganhou utilidade na área de saúde humana e até animal, para fins em pecuária e pesca e manejo de rebanhos.

O outrora denominado transplante autólogo de medula óssea, hoje transplante de células-tronco e progenitoras hematopoiéticas, ocorre a coleta de células-tronco do paciente e salvaguarda das mesmas até que seja concluído um regime terapêutico adequado para tratamento da doença de base. No caso de neoplasias que não acometam a medula óssea, geralmente esse regime envolve quimioterapia e/ou radioterapia de altas doses, que fatalmente acabam por destruir as células-tronco hematopoiéticas do paciente. Nesse caso, a coleta prévia realizada e armazenamento em ultra-baixas temperaturas faz necessário, utilizando processo de criopreservação com crioprotetor ou crioprotetores em dose e combinação adequada para manutenção da atividade biológica até o momento da reinfusão destas no paciente (transplante propriamente dito). Por se tratar de células do mesmo indivíduo, não existe necessidade de compatibilidade imunogenética, sendo um tipo de transplante personalizado e altamente direcionado. Logo, as células-tronco do paciente têm que ser guardadas, e mantidas espacial e temporalmente preservadas até o momento do transplante. A manutenção destas deve ser feita com critérios rigorosos de qualidade que envolve:

Coleta adequada das células-tronco
Estas podem ser coletadas diretamente da medula óssea, via punção da crista ilíaca posterior, ou da circulação periférica, utilizando drogas adequadas e a concentração dos hemocomponentes via sistema de leucoaférese.

 

Processamento das células
A adequação do número de células-tronco para um volume específico permite a melhor relação de células ao volume de crioprotetores, implica na melhor relação deste para infusão no paciente, evitando reações tóxicas possíveis pelo excesso destes.

Crioprotetores adequados
A combinação de crioprotetores visa o melhor desempenho na preservação da atividade biológica da amostra de células-tronco, assim como a menor chance de um efeito iatrogênico devido à citotoxicidade dos crioprotetores no momento da infusão. A combinação de dois crioprotetores assim como a concentração das células-tronco tende a minimizar ou exacerbar essa possibilidade.

Protocolo de congelamento
O protocolo de congelamento tem que ser validado e otimizado para a um controle na variação do decaimento de temperatura que seja compatível com a manutenção de viabilidade. Para tal, tanto o método quanto os equipamentos tem que ser aferidos e validados em seu desempenho.

Temperatura de armazenamento
Transplantes autólogos normalmente requerem tempo curto de armazenamento, variando em um a dois meses. Temperaturas ultra-baixas em freezers -80º C são adequadas para manutenção nesse período, mas devem exigir rigoroso controle da manutenção da mesma, evitando as chamadas variações transientes de temperatura, que podem comprometer a viabilidade celular.

Controle de qualidade da amostra criopreservada
Ensaios de viabilidade e de potência biológica devem ser utilizados para averiguar todo o processo e garantir que a função da célula-tronco hematopoiética é mantida antes da infusão destas no paciente.

A Medcel Medicina Celular possui um sistema de gestão de qualidade que busca a melhoria contínua dos seus serviços prestados. Dentre as ações está a participação no Programa de Controle de Qualidade da Controllab.

Desde julho de 2020, a Medcel aderiu aos Ensaios de Proficiência para Hemograma Automatizado e Quantificação de Células-Tronco Hematopoéticas CD34 Positivas. Ambos os ensaios avaliam pontos críticos das qualificações de eventos para qualquer transplante de Célula-Tronco Hematopoética.

A participação no programa de qualidade demonstra a qualidade e competência da equipe na análise e qualificação desses produtos, conferindo maior credibilidade aos procedimentos realizados pela Medcel.

No transplante de células tronco e progenitoras hematopoiéticas (CTPH), a qualidade do enxerto depende do número de células CD34+ infundidas e sua contagem exata é indispensável em qualquer serviço que manipule CTPH para transplante. Dada a importância da contagem confiável dessas células, a precisão e a reprodutibilidade de sua determinação são cruciais. O uso da citometria de fluxo tornou-se indispensável na prática clínica e laboratorial para identificação e quantificação de CTPH.

A técnica de plataforma única para a identificação e quantificação de CTPH CD34+, permite maior nível de padronização levando à um baixo índice de variabilidade dos resultados nas análises interlaboratoriais. Dessa forma o Laboratório Medcel Medicina Celular apresenta um diferencial por apresentar esse alto nível de padronização na identificação e quantificação das células CD34+ destinada à transplantes de CTPH corroborado pelos selos de qualidade para a técnica aplicada – Lira CCP, Dias JP, Wagner-Souza K, Izu M, Bouzas LF, Paraguassú-Braga FH. Validation of the single-platform ISHAGE protocol for enumeration of CD34+ hematopoietic stem cells in umbilical cord blood in a Brazilian center. Hematol Transfus Cell Ther. 2022;44(1):49-55.

Acreditação

O laboratório de processamento e armazenamento de células da Medcel está em processo de acreditação internacional em Terapia Celular pela Associação Americana de Bancos de Sangue – AABB. Atualmente, o laboratório da Medcel atende não só os requisitos regulatórios para sua atuação, mas também conta com um amplo e rigoroso padrão de qualidade em seus processos e serviços prestados, com base nas exigências dos principais centros internacionais. O programa de Acreditação pela AABB busca o reconhecimento por uma instituição isenta e de grande prestígio na comunidade médica e científica.